top of page

Qual a função do analista lacaniano?

Atualizado: 8 de fev.



Qual a função do analista lacaniano?

Na psicanálise trabalhamos considerando que há a existência de um sujeito inconsciente, este saber insabido que de alguma forma nos determina, que fala em nós.


Freud trabalhou com a noção de aparelho psíquico, que funciona numa articulação entre 3 aspectos: O tópico, o dinâmico e o econômico.


Para Freud o inconsciente, está dentro do aparelho psíquico e coincide com o conteúdo recalcado, pertence ao indivíduo, primeira tópica. Na segunda tópica esse inconsciente já não coincide com o recalcado, Freud apresenta os conceitos de Isso, Eu e Supereu. Onde o Isso seria inconsciente e o Eu e Supereu contêm partes inconscientes e pré-conscientes. Freud aqui apresenta o aparelho psíquico como uma esfera, onde as instâncias psíquicas estão contidas em seu interior.


Na perspectiva freudiana, o inconsciente está no interior, pertence ao indivíduo. Na prática clínica seria como se houvessem dois inconscientes o do analista e o do analisando. O analista teria que vasculhar as profundezas do inconsciente do analisando tentando desvendar, revelar algo de valor.


O inconsciente para Lacan, não é o mesmo de Freud. O inconsciente lacaniano tem um aporte linguístico, formulado a partir da linguística estrutural. Partindo do pensamento de Ferdinand de Saussure e Roman Jakobson e seus conceitos de signo, significado e significante. O inconsciente lacaniano está estruturado como uma linguagem, como parte do discurso enquanto transindividual, correspondendo ao espaço topológico de uma banda de Moebius, onde não há um dentro ou um fora, não podendo ser considerado como algo que pertence ao indivíduo. Também não é profundo, pois está posto na superfície da fala.


O inconsciente lacaniano é criado por um ato, o ato analítico. O ato que faz surgir um sujeito (inconsciente) na hiância entre as articulações significantes, a partir de uma leitura, das intervenções do analista.


Então, a função do analista lacaniano não é apenas escutar, mas, de ler no que escuta, pois, dessa leitura irá se eleger um significante que fará emergir um sujeito, fazendo assim existir um inconsciente, produzindo algo novo na cadeia discursiva que irá mudar a relação daquele que sofre com seu sintoma, com seu sofrimento.


Daí que não há lugar para uma postura de um analista que apenas escuta passivamente, mas, que escuta e lê ativamente, que elege significantes, que direciona o tratamento.

Cleyton Oliveira

Psicólogo e Psicanalista

CRP 02/17078

40 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page